terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O SILÊNCIO

O silêncio também pode
Deferir uma sentença
Escondendo a verdade
Que mora na consciência
É cúmplice da visão
Réu - confessa da omissão
E inimiga da convivência.

É capaz de deflagrar
Uma guerra, um conflito
Sem se valer do barulho
Muito menos de um grito.
Está no beijo do traidor
No gesto vil do Imperador
Num tempo que está prescrito

Está na atenção polida
Daqueles que sabem ouvir
E que aprendeu a aprender
No ato de assistir
Na bravura de quem calou
Quando a tortura interpelou
Pros seus amigos lhe trair!

No sentimento profundo
Que chamamos de paixão
Que se aflora num segundo
E se definha na ilusão
No amor sem vaidade
Sem preconceito, sem maldade
Onde o respeito é a expressão

O silêncio também é
Parceiro da solidão
Que perturba o nosso sono
E povoa a imaginação
Se alimenta com vontade
No banquete da saudade
Maltratando o coração

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