quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

OUTROS CARNAVAIS

Espere aí
Eu vou com vocês
É...mais uma vez
Entrar nessa folia

Vê se me espera
Na praça do Coqueiros
Amigos companheiros
Cadê minha fantasia

Acho que está
Na face da alegria
Na pura poesia
Na inspiração

De uma gente
Que faz de improviso
Da tristeza o riso
A cada geração

Côco maluco
Por que ele se encantou
E nos fantasiou
Com os trajes da saudade
Café, amigo
Te esquecer jamais
Fizestes os carnavais
No calor da amizade!
(música em homenagem do bloco Côco Maluco
amigo Café)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

FRAGMENTOS DA VIDA

Não quero mais viver em fragmentos
Ver-me em pedaços, pela metade.
Mendigando essa tal felicidade.
Por ignorar da vida os adventos

Quero me sentir meu próprio herói.
Superando  meu vilão invisível
Dizer que sou capaz e é possível.
Ceifar o inimigo que me destrói.

Sou ciente do quanto já perdi.
Quantas dores e renúncias cometi.
Em nome de um prazer que me condena.

Quero ter o que antes subestimei.
Aprender a amar os que não amei.
E acreditar que a vida vale pena!.

A FACE OCULTA DO POETA

A arte do pintor
É a sua verdadeira face
Exposta no disfarce
Pra não revelar a dor

E a do poeta
São os seus versos
Onde ficam submersos
As contradições do amor

Agora o ator
Convive com o dilema
Quando ele entra no palco
Só ele sai de cena

Mas cada um se completa:
O pintor rabisca a criação
O ator interpreta a inspiração
Que representa a poesia...o poeta!

ICAPUÍ

É bem ali
É bem ali
Icapuí
Icapuí

De frente ao mar
Vizinho à lua
Perto das estrelas
É, praia não tem rua

É bem ali
é bem ali
Icapuí
Icapuí

Fale pra aquele jangadeiro
Pra nunca ancorar
Este barco ligeiro

Peça pra manter firmeza
Que as marés e a correnteza
Não deve te afogar
Aprume o leme e abra as velas
Que o vento das janelas
Dos sonhos vão soprar.

Representa nossa terra
Do alto-mar até a serra
Seu destino é navegar
(MÚSICA INÉDITA)

UM PUNHADO DE POESIAS

Oh meu pai, por favor
Minha mãe não insista não
Eu não quero ser doutor
Não tenho nenhuma vocação
Meu negócio é fazer versos
Quando vem inspiração

E quando me chega a melodia
Com um punhado de poesia
Faço uma bela canção

Gosto mesmo é de ouvir
Um galope à beira-mar
Um canto , um improviso
Do artista popular

Ai como me dava alegria
Ouvir Elizeu Ventania
Concriz e João preá

Gosto mesmo é viajar
De trem, de carro ou a pé
Lendo um livro ou um cordel
Do Patativa do Assaré

E os versos de Antônio Francisco
Tem a força de um corisco
E a beleza da mulher.
(Música Inédita)

VIVA RONALDO VALENTE!

Dizem que no sertão não tem fartura
E a miséria que campeia não tem cura
Não conhece o meu lugar(bis)

Se lá não chove
O sertão verde faz brotar
Neste Campo grande
A semente da certeza
Que aqui vai melhorar

E a gente segue adiante
Por terra, trabalho e pão
Saúde e educação
Com direito de sonhar

E a gente segue adiante
Por justiça e igualdade
O direito á liberdade
Sem ter pressa de alcançar

Foi ele quem semeou
Tudo em prol de nossa gente
Os projetos do futuro
E assim saiu na frente
Falo deste nosso guerreiro
Nosso amigo companheiro
Viva a Ronaldo Valente

(música inédita)

ENTRE OS BASTIDORES

Não vou mais abrir janela
Nem passar minha flanela
Simplesmente pra brilhar

Nem dizer que foi engano
Levar sempre esse piano
Pro outro vir tocar

Não me acostumo mais aos bastidores
Emitindo luz e cores
Aos que receiam se apagar

A fantasia ficou lá no camarim
Que eu montei dentro de mim
Quando vivia apenas pra sonhar

Se desfez no palco da realidade
Hoje só me resta a saudade
Quando insisto em lembrar

Por favor, abra cortina
Que a certeza me ilumina
Pois minha sina é cantar!
(música inédita)

O SILÊNCIO

O silêncio também pode
Deferir uma sentença
Escondendo a verdade
Que mora na consciência
É cúmplice da visão
Réu - confessa da omissão
E inimiga da convivência.

É capaz de deflagrar
Uma guerra, um conflito
Sem se valer do barulho
Muito menos de um grito.
Está no beijo do traidor
No gesto vil do Imperador
Num tempo que está prescrito

Está na atenção polida
Daqueles que sabem ouvir
E que aprendeu a aprender
No ato de assistir
Na bravura de quem calou
Quando a tortura interpelou
Pros seus amigos lhe trair!

No sentimento profundo
Que chamamos de paixão
Que se aflora num segundo
E se definha na ilusão
No amor sem vaidade
Sem preconceito, sem maldade
Onde o respeito é a expressão

O silêncio também é
Parceiro da solidão
Que perturba o nosso sono
E povoa a imaginação
Se alimenta com vontade
No banquete da saudade
Maltratando o coração

DESABAFO

Não faça isso comigo
Não me deixe triste assim
Se antes fiz tudo que pude
Hoje minha frágil saúde
Não permite mais pra mim
De curtir a madrugada
Num bate-papo ou batucada
Na mesa de botequim

Já não vejo meus amigos
Pensam que eu cheguei ao fim
Acho que eles têm razão
De que vale o coração
Que ao beber fica ruim
Vai embora a inspiração
Daí vem à depressão
E vai me consumindo enfim

Ficar mordendo o passado
Quer saber? Não tô afim
Bom ou mau, já desfrutei
E cada preço eu já paguei
Não tive a sorte de Aladim
Hoje, eu só quero ter
Minha saúde e o prazer
De assegurar você pra mim!
(Música inédita)

NOSSAS RAÍZES(bloco côco Maluco)

Faço parte desse bloco popular
Venho lá da serra até o morão desse cais
A humildade é a nossa fantasia
Que contagia gerações e carnavais

Eu vi Miguel lá no bloco dos liseiros
Fazendo enredo para todo folião
Fez cada versos ao sabor da boemia
Calma Dalila, esse poeta é seu Sansão.

Aconteceu lá no cais de Areia Branca
Desafiado, começou a improvisar
Manoel Erasmo fez as rimas sem saber
Você imagine se ele soubesse rimar

Se ele pergunta se gostou da brincadeira
E lá da cadeira já começa a declamar
É Dagmar viajando no passado
E estacionando no presente pra encantar

Somos parte dessa nossa bela história
Que no ventre da memória se alojou
Tá na folia do bloco coco maluco
Que nas raízes do Coqueiros germinou.

(Música inédita de Geová ao Bloco Côco Maluco)

NOSSAS RAÍZES(bloco côco Maluco)

Faço parte desse bloco popular
Venho lá da serra até o morão desse cais
A humildade é a nossa fantasia
Que contagia gerações e carnavais

Eu vi Miguel lá no bloco dos liseiros
Fazendo enredo para todo folião
Fez cada versos ao sabor da boemia
Calma Dalila, esse poeta é seu Sansão.

Aconteceu lá no cais de Areia Branca
Desafiado, começou a improvisar
Manoel Erasmo fez as rimas sem saber
Você imagine se ele soubesse rimar

Se ele pergunta se gostou da brincadeira
E lá da cadeira já começa a declamar
É Dagmar viajando no passado
E estacionando no presente pra encantar

Somos parte dessa nossa bela história
Que no ventre da memória se alojou
Tá na folia do bloco coco maluco
Que nas raízes do Coqueiros germinou.

(Música do Bloco Côco Maluco)

FLOR DA CANAPOEIRA

Da flor da canpueira
Resina de catingueira
Nos pés chão de poeira

Brincando com os ventos fartos
E levar tanta zueira
Meu pé de redemoinho
Descendo a ribanceira
Vai colhendo o pé e o chão
Vai varrendo a escuridão

Meu belo passarinho
Vôo pra quixabeira
Não use a baladeira
Eu vou lhe pedi desculpas
Pela minha gaiola
Vem cá meu passarinho
Bem junto dessa viola
Vem fazer essa canção
Vem cantar essa canção
E espantar a solidão

Vou fechar essa porteira
Pra o tempo não partir
Fazer da vida uma brincadeira
E só sonhar quando dormir..

EM TODOS OS TEMPOS

Desafiamos o tempo
Porque estamos em todos os tempos
Do verbo querer
Jamais aprendemos a conjugar
Em todas as pessoas o nosso singular desejo
Não somos mais novidades para a vida
Para o sonho... Muito menos para a razão
Só precisamos naufragar o medo
E velejarmos até o cais de nossas almas.

O TREQUE

Vou armar meu treque
Na beira-mar
Que a sorte me leve
Que eu vou pescar

Vou sair de madrugada
Antes de o sol nascer
Se eu despescar e não der nada
Meu amor, eu volto pra você.

Mas lá tem salema, ubarana
Carapeba, furão camorim
Tainha, sauna e sargo
Mas tenha cuidado
Com tal de aniquim!

Sardinha, ginga, o vervelho
O carapicu, siri e o camarão
Parum, arraia e moréia
Tem o pacamon e o baiacu-cachão

Hoje a pescaria foi boa
Eu pedi a são Pedro e a Jesus
Agora faça um peixe frito, muié
Que nós come com café e cuscuz.

É que eu nasci bem ali
Entre o rio, as salinas e o mar
E nunca precisei pedi
Pra minha família sustentar.

PRA MINHA AMIGA TETÊ

Por que devo te esperar
Se eu nasci foi pra viver
Sabes sempre onde me encontrar
Por qual motivo vou me esconder?

Quando chegar a minha hora
Paciência! Você vai ter que me aturar
Certamente vou ouvir aquele som
Beti, Ivete e Marron
Me maquiar , passar baton.
E me preparar para alegria

O agora é meu futuro
Não me acostumo com o talvez
Só tenho a certeza do que vivi
E do que eu sou capaz, mais um vez!

SANGRIA

Deixe o seu coração sangrar
Que eu espero desaguar no meu
Deixe o tempo, a estrada correr
Mas não deixe morrer o que é seu

Somos rascunhos um sentido sem forma;
Arquitetado no sonho-fisco de esperança
Somos uma herança de um tempo vivido
Onde a harmonia das vontades se descansa

E amanhã? Não sei, sei o seu rosto
Só sei o que está posto em minha cela,
Em meus braços e em minha’lma
Sei da calma que a porção da vida revela

(A cela que me refiro era uma casa de taipa que eu tinha)

VIVA SEMENTE

Seu a viva semente
Plantada no chão
Que insiste em brotar
No imenso verão...

Sem saber que fruto será
Ou darei

Sendo a semente pisada
Por pés machucada
Quero ser plantada
No seu coração

Pra dizer que não há corrente
Que prenda a pura verdade
Pra dizer que a minha sentença
É só liberdade.

(Minha primeira música com apenas 14 anos de idade)

VERGONHA NACIONAL

Veja meu Brasil (palco de miséria)
Onde a vida é um cenário comovente
O espetáculo: fome e desespero
Desses bichos humanos indigentes

Eles contracenam com os urubus
E se confundem com seres irracionais
Entre os lixos lambuzam intestinos
Com os escombros das vergonhas nacionais

Ó Brasil, pátria agonizante
Filhos de um ventre adormecido
Rompa este medo, quebre o silêncio!
Convertam em ruínas as muralhas do inimigo...

MAGIA DA TV

O homem é a imagem da TV
Perfeita criatura das ilusões
É apenas aquilo que se pode ver
Diante de um mundo de contradição

É a perda da razão entorpecida
Quando se debruça sem pensar
O silêncio, a consciência distorcida
O prazer de se viver só pra sonhar

Neste cenário ao vivo e a cores
Sintoniza em você primeiramente
Se nas verdades existem bastidores
Visualiza o que o olhar não sente

Por trás de cada encanto um feitiço
E de cada idéia, certas intenções
Por que sempre um final feliz é o início
De mais uma das nossas frustrações?

Deixa a porta aberta, abra a tv
Que o mundo em minha vai bater
Meus olhos devoram tudo sem sabor
Quando não se tem mais nada pra comer

Quando não se tem mais nada pra viver
Quando não se tem mais nada pra comer...
(Música do Cd Trajetória)

UM POUCO DA HISTÓRIA

Quero lembrar que, algumas poesias, são textos musicais que ainda não foram gravadas, mas já estão sendo encaminhadas para gravação. Meu objetivo é levá-las ao conhecimento e a apreciação daqueles que gostam da litaratura poética.Todas essas poesias expressam a sensibilidade pela qual encarei o passado e consolido meu presente. Não faço isso simplesmente para ser lembrado no futuro, mas que o futuro da própria música e da poesia tenham sua verdadeira grandeza que merecem.

ANTI-LATIFUNDIÁRIA

Eita, é tanta terra que os olhos não alcansam
A cada dia as sercas avançam
Vão invadidndo todos os nossos quintais
É, inté sem terra nós somos chamados
De vez em quando esses homens domados
Chegam e apagam os passos do nossos chão

Vivemos os tempos coloniais
Mas só que agora mais Caxias e Cabrais

Ei, você tá vendo a terra adormecida
A gente quer fazê-la produtiva
E assegurar pros nossos filhos o pão
É, também queremos escola e moradia
Cultivar a terra junto com a família
Fazer brotar o futuro da nação

Vivemos os tempos coloniais
Mas só que agora mais Caxias e Cabrais

É, os homens do poder não tá nem aí
Insiste em não querer a terra dividir
Frustrando assim Nossa reforma agrária
Ainda falam em demcracia
Diz que defende a tal soberania
Mas não traídores da nossa pátria.

(música do cd Trajetória)

AMIGOS HERÓIS

Por anda os nossos amigos heróis
Que se perderam sob os vendavais dos tempos
E só restaram pra nós
Ruas, praças, sem movimentos

Por onde puseram aquelas tintas e pincéis
Das pichações noturnas
aquelas faixas feitas de colas e papéis
que imprimiam nossas bandeiras de lutas

Por onde voam os nossos ideais
Palavras de ordens
E punhos serrados
Dos loucos subversivos
Quem idenizará a dor dos torturados
Será a certeza de que nunca fomos vencidos
(Música inédita)

SAUDADES CARNAVALESCAS

Espere aí
Eu vou com vocês
É... mais uma vez
Entrar nessa folia

Vê se me espera
Na praça do Coqueiros
Amigos companheiros
Cadê minha fantasia

Acho que está
Na face da alegria
Na pura poesia
Na inspiração
De uma gente
Que faz de improviso
Da tristeza o Riso
A cada geração

Côco Maluco
Por que ele se encantou
E nos fantasiou
Com os trajes da saudade
Café, Amigo
Te esquecer jamais
Fizestes os carnavais
Com o calor da amizade

(mùsica de Gerová Costa ao Bloco Côco Maluco
homenagem em amigo Café)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

HUMILDE PESCADOR

Quantas vezes te vi partir
E no olhar silencioso um adeus
Vai sair pra aventurar no mar
O pão de cada dia para os filhos seus

Longe, bem de longe vejo sua mão num aceno
Como se a gente não fosse se ver jamais
Corro de um lado para o outro assim dizendo
Volte logo, não demore meu velho pai!

Enquanto enfrenta as tempestades do oceano
Minha mãe naufraga entre o medo e a solidão
Caminha na praia que continua deserta
Sem nenhuma luz a brilhar na escuridão

De repente surge a vela, surge a luz
Surge o peixe, e eu respiro aliviado
Digo: mãe, se tem farinha, frita um peixe
Pai está com fome, está cansado!

Quando olho ao lado o velho está dormindo
E aprecio minha mãe a acariciar seu rosto
Que diz: filho, hoje é domingo, dia dos pais
Tinha me esquecido, hoje é o 2 domingo de agosto.

Tem nada não, vai saber quando acordar
Deixa dormir para amenizar a sua dor
Como é sofrido a vida deste bravo homem
Falo do meu pai, um humilde pescador!
08/08/94.
Taíba- São Gonçalo do Amarante-CE

ALMA POÉTICAPara Dagmar, meu pai)

Se queres ver sofrer algum poeta
Só faze-lo perder de vista a esperança
Castrar o sonho que ele tem como herança
Ou resgatar o seu passado nebuloso

Sim. Verás enfim um poeta moribundo
Onde os seus versos-mortalhas de um mundo
Perderão o brilho e o riso tão ditoso

VAZIO

Agora tudo está tão distante, tão obscuro.
Parece que tudo está posto na morbidez de um sonho embalde
Não vejo mais aquela réstia nas frestas de um tempo vivido
Apenas dor, tristeza e angústia em meu coração invadem.

Sinto-me retraído e consumido por esta vida insípida.
Esperando um dia a luminosidade desse futuro ofuscante
Vendo à noite romper minha’lma sem escrúpulo, sem piedade
E eu a padecer nesta hipertrofia saudade de vôo rasante.


Olha, a trivialidade do dia me embrutece
A cada instante a mocidade do tempo me atrofia
Confesso: estou cansado! Mas vou fazer o meu passado dormir vou sorrir, quando os germes também se decomporem noutro dia.

MIL DESCULPAS

Peço Carecidamente desculpas
Por ter sido abusivo e inconseqüente
Ter insistido de forma intransigente
Em contrariar seus preciosos sentimentos


Sei que fui, amiga, indesejável.
Mediante os impulsos da embriaguez
Quem sabe se em plena lucidez
Teria lhe poupado tais constrangimentos


Agora, espero merecer o seu perdão.
Pois não se pode remediar o irreversível
Assumir o erro é a forma mais sensível
De resgatar os sinais de novos tempos...

AMARGURAS

Cada dia o tempo confisca um pouco de mim
Sinto-me desabrigado, pois à noite adormece quando o silêncio tenta me pungir. Não contento com a minha nudez; meu corpo se transforma em cinzas que a tempestade noturna acolhe sem piedade. Não, não quero beber. Os copos cheios me deixam ainda mais vazios; a boca amarga e os dias deveram meus sonhos. Sinto-me que vou terminar sozinho... sozinho!

PESADELO

Se queres saber como estou
Basta olhar pelas janelas
Verás-me tropeçando sobre as pedras
E acenando pro futuro.

Se insistires em saber como estou
É só olhar pro tempo, está nublado.
Lamento, mas não é para chover.

Mas quando desistires de me procurar
Saiba que estou cansado, estou com medo.
Vendo decompor meu sonho em pesadelo
Sem furtar o desejo de querer viver
De querer sonhar, de querer viver.

TRAJETÓRIA

Não quero ser eterno
Mas nem morrer a cada instante
Se aqui é tão incerto
Vou seguir mais adiante


Eu vou, com todo sacrifício, eu vou.
Pois sofrer não é ofício
Então eu vou
Me exilar deste império
Onde se reina incoerência e tédio


Sei que é muito inseguro
Existem entraves e incertezas
Mas se eu ficar aqui
Serei uma fácil presa

Então, eu vou
Não me pergunte aonde eu vou
A liberdade é um condor
Que aqui jamais passou
Que aqui jamais vôo.

Espero que um dia
Ainda possa regressar
E lhe trazer boas novas
E boa nova encontrar
Ah, eu vou...

À ANOS-LUZ

Quando passas por mim
É como se caminhasse
Na velocidade da luz,
Ultrapassando o som
Dos acordes e das
Canções que te contempla.

Oh,meu oculto querer
Vê se pára pra me ouvir
Não se dá pra transcender
O que foi feito pra sentir

Sei que estás a anos-luz de mim
Minha bela estrela guia
Dos meus sonhos e fantasias
Que um dia eu desejei em fim.

MUNDO SEM ASAS

Veja como estou
Com o copo cheio na mão
E a vida vazia

Esperando que o tempo passe
Mas não atropele meus sonhos
Esperando que o tempo passe
Mas não atropele meus sonhos

Veja o que restou
Uma amanhã cinzenta
E uma boca amarga
Um olhar moribundo
E um mundo sem asas

Veja por favor
A escuridão da noite que concebe o dia
As ruas estreitas e bares
E alguém declamando poesias.

DESCULPAS

Peço humildemente mil desculpas
Por ter sido aquele dia inconseqüente
Acredito que além de doido sou demente
E por isso, assumo agora a minha culpa

Na verdade, você tem sempre a razão.
Quando afirma que a minha embriaguez
Comprometeu o meu afã e a lucidez
Mas acredite, não consumiu o meu tesão.

Ainda sinto por ti um desejo voraz
Que só em imaginar já me dá prazer
Juntos, somos amor, sexo, sou eu e você
Todo querer que se aflore e é capaz

Só tem algo que jamais irei me perdoar:
É ter perdido o tempo tão insubstituível
Tão raro, único, singular e irresistível.
Para quem acreditou um dia te amar!

sábado, 23 de janeiro de 2010

IMPREVISTO

Esta noite só tenho uma vela
Para velar minha insônia, minha poesia.
Desfazer toda sombra desta cela
E confiscar a certeza de outro dia

Esta noite só tenho um cigarro
Não importa, pra mim é o assaz.
É degradante todo acúmulo deste sarro
Mas é tragando que eu resgato minha paz.


Esta noite, como todas as noites,
O silêncio me concebe a inquietude
O frio vem surrar a tez como açoite
Coagulando o sangue ardente da virtude.

TRAVESSURA

Quero comer pêra
Mas degustar maçã
Descer, subir ladeira.
Morder casca de romã

Quero sair por aí
Sem eira nem beira
Pular a janela e fugir
E cair na bagaceira

Atirar de baladeira
Sem querer acertar
Correr e fazer poeira
Só pra mãe brigar

Quero querer namorar
Sem compromisso
Beijar na boca e ficar
E não ser mais submisso

TROPEÇOS

Se queres saber como estou
É só olhar pela janela
Verás me tropeçando pelas pedras
E acenando pro futuro

Se insistir em saber como estou
Basta olhar pro tempo
Está no nublado
Lamento, mas não é para chover.

E quando desistires de me procurar
Saiba que estou cansado, estou com medo.
Decompondo meus sonhos em pesadelos
Sem furtar o desejo de querer viver
De querer sonhar, de querer viver.

A MUSA E O POETA

E se ela não gostar de poesias
E me deixar sozinho a declamar
Manoel Bandeira, Vinícius de Morais
Acho que jamais irei me apaixonar

E se ela não gostar de uma boa música
Daquelas que a gente gosta de cantar, de tocar
Chico, Caetano, Djavan e Jobim.
Acho que será o fim
Do verbo amar

Porque acredito
Quem deu a luz o amor
Foi à poesia
Parceira do coração
Que no compasso da melodia
Se fez gerar canção.

CONTRA-MÃO

Ah, como fui inocente.
De amar por a gente
De achar que é eterno
Sobretudo moderno
Viver de ilusão
Eu te esperava na esquina
Mini-saia menina
Do outro lado da rua
Embriagado com a lua
Mesmo na contra mão
Era minha musa primeira
Meu querer sem fronteiras
Que eu podia sonhar
Mas o tempo é transparente
Não esconde nem mente
Certo brilho no olhar.

À SOMBRA DA SAUDADE

Estou longe de casa
Tô com saudade
Tamanha vontade
De ver vocês
Desculpe amigo se eu chorar
Não dar pra agüentar
Ficar mais um mês
Já tenho medo
Quando anoitece
Porque não adormece
Meu quarto também
A voz do silêncio
Minha sombra na parede
E eu sentado na rede
Só nós três mais ninguém
Minha consciência
Também me abriga
Ela é minha amiga
Sabe onde quero chegar
Tudo é desafio
Mãe, não vou desistir.
Diz lá pro meu filho
Que o amanhã vai chegar.

NO MUNDO DA LUA

Ainda vou morar na lua de São Jorge
Montar no seu cavalo e passear
Com aquele velho dragão
Mudar uma só lei
Chamada gravidade
Pra que eu fique a vontade pra tocar
Aquele velho e belo violão
Pedir para São Jorge
Não mais usar aquela lança
Dragão cessar seu fogo
E esquecer aquela guerra
Dizer que bem ali
O poder e a ganância
O preconceito e a ignorância
Está destruindo a terra.

PEQUENA

Ainda sonho em ser feliz
Viver a vida como sempre quis
Pequena
Mas agora foi que percebi
Que não precisava ficar a milha de ti
pequena
Tudo estava bem ali
Mas meu orgulho não conseguiu enxergar
E o amanhã me fez assistir
Você partir pra nunca mais voltar
Estou vivendo a deriva
Um barco sem rumo, prumo a navegar
Mas se um dia surgir calmaria
Serás meu cais
Pra me atracar
pequena

À PROCURA

Amanhã, vou abrir minha janela.
Vou esperar que ela
Venha me sorrir
E depois, vou declarar uma guerra.
A esse meu eu incoerente
Vulnerável e inconseqüente
Que não quer me redimir
Não vou mais me procurar
Onde sempre me perdi
Talvez possa me encontrar
Onde nunca estive.

Amanhã vou seguir novos caminhos
Dessa vez eu vou sozinho
Sem ninguém pra me guiar
Me deitar, na varanda de minh’alma
Respirar manter a calma
E aprender quando errar.

PAPA-JERIMUM

Eu sou de lá
Sou potiguar
Da beira do rio
De pegar aratu siri no manzuá
Sair varejando o barco à beira mar
Inda pega sururu na preamar
Eu sou de lá
Não vou negar
Sou papa-jerimun
Em cada esquina do mundo eu sou mais um
Sou um graveto seco no bico do anum
Que ao sol do meio dia come cana pum

Quantas braçadas eu dei pra atravessar esse rio
Que hoje banha em correntezas minhas lembranças
Naufragou minhas tristezas
E sobre a brisa desse cais
Fiz segredos
Fiz poesias
Confisquei sua melodia
Pra cantar nos manguezais.

MIRAGENS

Quando eu aprecio o pôr-do-sol

A desfazer o dia no ofuscar da luz

Me permito sempre a perceber

Que o fim é o princípio do sabor que desconheço

Que a certeza está

Na gestação da dúvida

E que na sombra do medo

Pode até surgir

Um arco-íris enfim

Quando eu amanheço assim tão cedo

Talvez esteja tarde para caminhar

Visto a camisa pelo o avesso

Mesmo sem saber onde quero chegar

Sei que todos os desertos têm vários caminhos

E que pra se chegar o oásis

Temos que enfrentar miragens

Mesmo sozinho!

LAMAÇAIS DOS MANGUES

O nosso trabalhador mistura o seu suor
Com sal e sangue
Enfrenta as madrugadas frias e sombrias
E os lamaçais dos mangues

Adiciona o seu tempo
AS incertezas contidas
Subtrai suas forças
E enobrecem poucas vidas

Há um rio testemunha
Tantas batalhas perdidas
Garrancho, sol no caminho
Por onde vou desaguar
Nosso futuro à camboa
Vida, vela, sonho à toa
Maresia a navegar.

GERMES HUMANOS

Eles se alimentam das línguas que têm
Matam sede das lágrimas que restam
Incorporam nos sonhos dos fracos
E tornam-se muralhas intransponível
Tentam nos convencer que a vida
É a estação da morte
Que a morte é a redenção dos homens...
Mas eles querem ser eternos!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Bela Taíba

Lá se vai o mar
ingerindo o sol
regurgitando a cada instante a escuridão
Ah, se não fosse a magestosa lua
A noite teria uma congestão

Por isso eu vou ficando por aqui
Vendo as pedras criarei varizes
E a bela lua cheia engravidar o mar

Musa primitiva, filha de Iracema
Expressiva beleza, princesa dos Anacés
Natureza viva imortal poema
Agora me diz quem tu és

Sou a maravilha desse litoral
Me chamam Taíba
Mas não quero ser simplesmente
Um cartão postal

Sou vela, céu e mar
Sou Taíba
Vila, céu e mar
Taíba.
(homenagem a praia Taíba)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

ÂNSIA

Se desejar fosse possuir
Eu não teria tantas desventuras
As saudades não me fariam amarguras
Nem meu peito sangria em vão

Não resumiria a pensamentos
Que me frustram e entorpece
Condenando-me ao medo que emudece
No desvendávcel encanto da inspiração

Mas quebrarei em breve este silêncio
E as forças das palavras se exaltarão
Abolindo-se o medo da cega solidão
Que envolve-me em súbitos frágeis pensamentos.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

REGRESSO

Estou de volta a minha terra
Sei Que não verei jamais
Aquele moinho de vento
E o nosso velho cais
Minha mãe lavando roupas
E eu estendendo nos varais

De volta a minha terra
E não ouvirei jamais
O canto da graúna
Lá nos verdes coquerais
A partilha dos vizinhos
Entre as cercas dos quintais

Sim, estou de volta
Mas não sentirei jamais
A alegria de ouvir
dos poetas os recitais
O canto da juventude
Sob o brilho dos luais

Sei que estou de volta
Mas não saírei jamais
Daqui desfaço as saudades
Que eu sentia anos atrás
Da infância, da boemia
Dos projetos que eu fazia
Na moradia dos meus pais!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

CANCELAS

Não se pode imaginar
A vida sem dor
Muito menos o sofrimento
Sem a razãodo amor

Não se pode pensar em querer
Sem antes experimentar o sabor
Quem nunca se abrigou na sombra do medo
Desconhece a razão do prazer
Não tem um coração a pulsar
No descompasso errante do querer
Por isso, quando penso em você
Dá vontade de romper as cancelas
Murmurar seu nome pela janela
Tudo só pra te ver.
(Música do Cd Trajetória)